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O dia em que deixei de fumar, foi o dia em que compreendi o que procurava em cada cigarro e também, do que fugia.
Todo o vício é uma automedicação, uma tentativa de resolver, silenciar, anestesiar ou compensar o verdadeiro problema. Todo o comportamento aditivo (tabaco, álcool, drogas, comida, jogo, sexo...) tem por base algum problema, alguma dor, eventualmente um trauma e com certeza alguma carência... Quando questiono os meus clientes o que procuram naquele comportamento, o que sentem ao fazê-lo, que sensação ou emoção conseguem alcançar naqueles pequenos instantes de satisfação do desejo, no início , raramente me sabem responder. Depois, com orientação começam a surgir respostas que variam desde "conforto, pausa, calma, alegria, força, confiança, silêncio..." - consoante cada pessoa e a sua própria história. Descobrir o que procuramos nesse comportamento repetitivo e nocivo, pode ser a pista fundamental para descobrir o que nos falta ou queremos alcançar. A questão seguinte a colocar é: e será esse vício, a única forma de alcançar esse estado? Com certeza que não. Existem muitas outras formas de conseguir parar e alcançar calma, de resgatar a nossa força ou de sentir alegria, de nos sentirmos acolhidos, confortados, seguros...E este é o caminho que se faz nas sessões de terapia: descobrir o que se procura e encontra no vício, olhar para a dor que está por base dessa busca e comportamento, acolher e transformar em novos comportamentos mais conscientes, saudáveis e equilibrados. No meu caso, o cigarro simbolizava a pausa, o "parar". O momento em que dizia a mim mesma "preciso respirar" e lá ia acender um cigarro - quanta ironia Sedenta de viver e cheia de energia, pouco parava. Mas acima de tudo eu sabia, que o parar verdadeiramente, simbolizava também ir mais fundo. E assim foi. Parei de fumar num dos momentos mais difíceis da minha vida. E se já mergulhava em mim e nas minhas dores de alma, deixar o tabaco foi como se eu dissesse ao universo ou à minha alma: "ok, estou pronta para sentir tudo." E senti. Foram tempos avassaladores, conhecidos por muitos pela "noite escura da alma" - que de noite, nada teve, pois foram anos a ver com muita luz toda a minha dor, toda a minha sombra. Ainda hoje estou a recuperar. Ainda hoje penso no que será que em mim morreu e no que de novo nasceu? O tempo dirá. Mas o tabaco, não voltará. Porque o afirmo desta forma? Porque ao longo da minha vida de fumadora parei várias vezes e dizia sempre "deixei de fumar". Mas desta vez, algo estranho aconteceu e em vez de dizer que parei de fumar, exclamei com convicção "não sou fumadora". Ou seja, desindentifiquei-me, pura e simplesmente, com alguém na fuma. Hoje e desde então, olho para quem está a fumar e penso "que estranho, como fiz aquilo durante tantos anos da minha vida?". Nunca mais senti o desejo, nem mesmo depois do café ou a acompanhar aquele copo de vinho no jantar de amigos. Não parei. Não deixei de fazer. Deixei de o ser. Lembro-me bem de, no início da minha noite escura da alma, pensar: "sinto-me desidentificada com tudo" - era como se não conseguisse mais me identificar com as minhas próprias acções, comportamentos, até com as minhas roupas e até o cabelo, com pessoas e convívios habituais... Há algo de verdadeiramente assustador nesta fase, é certo. Mas também há algo de mágico e libertador que acontece. Nessa desidentificação, a Ana Sofia que fumava deixou de existir. Os cigarros deram lugar à dor que foi sendo acolhida, transformada e dissolvida ao longo do tempo - work (still) in progress... Deram também lugar a mais desporto e a mais pausas, sem culpas, sem esforço e sem pressão. O Dr Gabor Maté tem um trabalho absolutamente maravilhoso no que diz respeito aos vícios e ao trauma. Ele diz "não perguntem porquê o vício?, mas sim, porquê a dor?" E foi precisamente através do trabalho de Gabor que eu própria passei e ultrapassei todo este processo. Foi enquanto fazia um dos seus cursos, que integrei o simbolismo dos vícios, que reflecti, mergulhei e senti sobre o que simbolizava o meu (vício); coloquei as questões necessárias para que o meu inconsciente ficasse consciente (se é que posso dizer tal coisa) e naturalmente, num dos momentos mais difíceis da minha vida, simplesmente aconteceu: deixei de me identificar com o tabaco, deixei de ser fumadora, deixei de evitar parar, deixei de fugir à dor. E nem foi um acto premeditado. Como disse, simplesmente, aconteceu. Um dia acordei e não tinha cigarros. Era a passagem de ano, dia 1 de janeiro, portanto à minha volta estava tudo encerrado. Vasculhei a casa, as gavetas, os bolsos dos casacos. Fui ao carro duas vezes ver o tablier, ou no chão ou até em baixo dos bancos. Mas na segunda volta ao carro, algo aconteceu... simplesmente parei, sorri e disse "ok, já percebi!" E nunca mais fumei, nem pensei em fumar e acima de tudo, deixei mesmo de me identificar com alguém que fuma. Hoje, ajudo quem me procura no mesmo processo. Não propriamente só para largar o cigarro ou qualquer outro vício, mas acima de tudo, para se reencontrar. Para reconhecer a dor, acolhê-la, transformá-la e devolver-lhe dignidade. Porque quando fazemos este caminho, eu acredito que o vício deixa de fazer sentido. Ana Sofia Rodrigues® Todos os direitos reservados©
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"Quero ser inconsciente outra vez!"...
Esta foi a frase que eu própria disse um dia, no decorrer da minha primeira fase de psicoterapia, no auge dos meus 20 e tal aninhos! Cheguei à consulta, meio que zangada, cruzei os braços e exclamei: "Quero ser inconsciente outra vez! Isto é muito duro!"😖 Com um sorriso matreiro, a minha terapeuta respondeu: - Mas foi a Ana Sofia que escolheu... 🙄 (...Caramba... Detesto quando têm razão! 🤣 Vocês não??) E é verdade: fui eu que escolhi e é duro sim, "p'a dédéu"! Tomar consciência, assumir a responsabilidade, é mesmo duro. Encarar a realidade deste mundo e as nossas próprias sombras. É que já não dá para culpar só o outro...(...ora bolas...uma chatice!...) Hoje, numa consulta online, surgiu este tema e muito rimos juntos (eu e o cliente) com esta realidade. Porque às vezes mais vale mesmo rir desta montanha russa emocional. Sim, é mesmo duro... e por vezes dá vontade de já não querer saber mais, de voltar a ser inconsciente - como se isso fosse possível. Apetece mais às vezes desaprender, do que aprender. E às vezes...quanto mais aprendemos, parece que cada vez menos sabemos...🫣😂 É um caminho sem volta. E é um caminho para a vida. Quem me conhece de longa data, sabe bem como sempre fui muito alienada de tantos temas comuns e mundanos. Nunca vi muitos telejornais ou novelas. Vivia no "meu mundinho". E de certa forma, ainda tento nele viver, mas sendo impossível fugir à realidade e ao que fui descobrindo - dentro e fora de mim. Infelizmente, o actual mundo, muito convida à desconexão e à desinformação - o que é no mínimo caricato, pois nunca tivemos acesso a tanta informação, a tanta terapia, a tanto conhecimento. Neste momento, duvido de quase tudo o que me chega pois está mais do que comprovado, o quanto é possível hoje em dia, criar histórias para serem verdades absolutas, incutir pensamentos, moldar comportamentos. A comunicação social, é actualmente um dos grandes poderes do mundo e até direi, uma das grandes armas do mundo. E sabendo isso, procuro me informar através de fontes independentes que não sejam financiadas e beneficiadas por tantos outros poderes que governam este mundo. E "assim (é) na terra como no céu", ou seja, tanto nos temas mais sociais e terrenos, como no mundo do desenvolvimento pessoal e da espiritualidade, procuro não me influenciar pelas grandes massas, desconfio e fujo das frases feitas, não sigo gurus de nada. Por isso sim, às vezes dá mesmo vontade de dizer "chega!, vou largar tudo e voltar à santa ignorância.!.." 😇 Mas como diz o outro "só que não!" . Já não dá. Já vi. Já senti. Já acordei. Já iniciei, há tanto tempo, o caminho...E agora… só te resta continuar. Com mais consciência, mais filtro, mais verdade — e, se possível, também com mais gargalhadas no caminho. Porque ser consciente dói… Mas ser inconsciente dói muito mais. Ana Sofia Rodrigues® Todos os direitos reservados© É… lamento informar… mas não herdaste só os genes — herdaste os hábitos. Predisposição não é sentença.
Sabes aquelas frases que se ouvem vezes sem conta? “Ah, é de família.” “Sou diabética, mas o meu pai também é.” “Sou ansiosa, mas já vem de família.” “Tenho colesterol alto, mas é genético.” Estas frases aparecem constantemente nos meus acompanhamentos, como se fossem carimbos de destino. Mas… será mesmo? Será que a genética é uma sentença? Lamento, mas não acredito nisso. E a minha prática clínica confirma: vejo padrões familiares que mantêm doenças — mas também vejo pessoas perfeitamente saudáveis com um historial familiar carregado. Então… o que faz a diferença? Sim, há condições genéticas reais. Claro. Mas a maioria das doenças actuais não são genéticas. O peso real da hereditariedade é muito menor do que o impacto dos teus comportamentos e rotinas diárias. São o que chamo de doenças do estilo de vida. Ambientais. Emocionais. Comportamentais. Mais do que herdar genes, herdas hábitos: alimentação desequilibrada, padrões emocionais, formas reativas de lidar com o stress, sedentarismo, má qualidade de sono, desidratação, ausência de limites, desconexão do corpo — e por aí fora. Claro que há uma predisposição. Mas repara: predisposição não é sentença — é um alerta. Se continuas a repetir os padrões nocivos que conheces da tua família, a probabilidade de desenvolveres as mesmas doenças é enorme. Quase garantida. Mas… e se mudares? E se aprenderes novas rotinas? Se fizeres novas escolhas, alterares comportamentos, aprenderes a reconhecer e gerir as tuas emoções, nutrires o teu corpo com alimentos reais e saudáveis? Se começares a impor limites, a honrar o teu corpo e as tuas necessidades? O teu corpo não é um acaso biológico. É o reflexo das tuas escolhas diárias. Sim, mudar pode ser desafiante. Leva o seu tempo. Mas não precisas de mudar tudo de um dia para o outro. Mudar um pouco todos os dias… pode mudar tudo. ✨ O convite? Sair do papel de vítima da genética e assumir a responsabilidade e a autoria da tua saúde. 🔑 Palavras-chave para aprofundar este caminho: Autocuidado • Autoconhecimento • Terapia • Alimentação • Gestão Emocional Ana Sofia Rodrigues® Todos os direitos reservados© Num mundo cada vez mais "unicorniano", cheio de rituais e fórmulas mágicas, vale a pena recordar as palavras de Carl Jung:
"Não há despertar de consciência sem dor. As pessoas farão de tudo — até ao absurdo — para não enfrentar a própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar luz, mas por se tornar consciente da escuridão." Portanto… lamento informar: O incenso que queimas não te faz espiritual. Os mantras não apagam emoções “menos bonitas”. Os vazios não se preenchem com mil cursos. E nem ecoar “gratidão” a toda a hora… dissolve a tua sombra. Tornares-te terapeuta não apaga as tuas feridas emocionais. Os rituais de nada servem se não te trabalhares. Os cursos de nada servem se não os aplicares em ti. Espiritualidade é na dia-a-dia, na prática. Começa em ti, e dentro. E já agora: • Retiros não são terapia. • Influencers não são terapeutas. • E só porque mil pessoas fazem, não significa que seja verdade, saudável ou consciente. Sim, há um certo deslumbramento no início do caminho do autoconhecimento, da espiritualidade, do desenvolvimento pessoal. É normal. Mas não te iludas: o caminho da consciência é exigente. Olhar para dentro dói. Não vais encontrar só unicórnios. Há leões que rugem quando tocas na ferida. Serpentes que resistem a mudar de pele. Camaleões que se camuflam. E sim, também há borboletas. Mas não esqueças que a maravilhosa borboleta nasce de uma lagarta. A lagarta precisa do casulo e passa pela metamorfose. E a metamorfose não vem com purpurinas nem playlists zen. Crescer dói. Mas evitar a dor… dói muito mais. "Posso dar-te a mão. Mas o caminho é sempre teu." Que te guiem para te tornares quem és -- e não para encaixares num qualquer guião. Ana Sofia Rodrigues© Todos os direitos reservados® |
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Agosto 2025
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