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A lógica e a razão são necessárias para a nossa vida. No entanto, também necessárias e fundamentais são as emoções. É na união e equilíbrio de ambas as partes que reside a saúde, a felicidade, o bem-estar e a boa gestão emocional.
A palavra Emoção vem do latim “Emovere” que significa “pôr em movimento”, “afastar”, “acto de mover”. Portanto, podemos aqui perceber que na própria palavra está implícito algum movimento. Neste caso, o movimento é fisiológico É importante compreender que a emoção, é a uma resposta do nosso organismo, o qual recebe um estímulo (carga) que gera uma tensão (corpo prepara para reagir) e que necessita de uma descarga (acção do organismo para repor o equilíbrio). É um “processo” interno, que acontece no nosso corpo, no entanto, que se expressa externamente, ou seja, não se consegue esconder para o exterior, uma reacção imediata a uma forte emoção. Ao contrário dos sentimentos, os quais conseguimos facilmente esconder, não revelar, para o exterior. As emoções e os sentimentos têm algumas diferenças: Os sentimentos, são como que uma consequência da emoção, uma racionalização da emoção. São mais prolongados, são “processos” mais mentais e internos, que podem ser disfarçados, “escondidos” para o exterior. Pelo contrário, as emoções, são reacções fisiológicas, orgânicas, automáticas e involuntárias em nós. De forma geral são também intensas e breves. Salienta-se ainda que as emoções, são naturais, normais, e até fundamentais, em todo o Ser Humano. Existem diferentes classificações das emoções, nomeadamente as primárias e as secundárias. Sobre as primárias, estas são base inata e inerente a qualquer Ser Humano. Já as secundárias, derivam de outras questões e influências tais como o meio social, educação, etc. Nas primárias encontramos a alegria, o medo, a raiva, a tristeza – e para a Medicina Chinesa, o Pensamento ou Preocupação. Nas vertentes ocidentais podemos encontrar a surpresa ou a vergonha como a quinta emoção básica e primária. Outra questão fundamental de compreender é que todas as emoções têm uma função e são essenciais para a nossa sobrevivência humana em sociedade. Por exemplo, como ultrapassar um luto, senão experienciando a tristeza? Como evitar um perigo de vida, senão pelo medo? E por aí fora. Para mim, não existem emoções boas ou más. Existem emoções. Naturais em nós, como já referi. O que difere e o que é mais importante, é a forma como lidamos com elas, como as reconhecemos ou não, como as expressamos. Por outro lado, gosto de ver sempre as várias e possíveis diferentes perspectivas e até mesmo uma emoção pode ser benéfica ou prejudicial. Por exemplo, a tristeza, que para muitos pode ser considerada uma emoção má, passa a ser boa e benéfica no sentido de ser a emoção necessária para libertar e ultrapassar determinado acontecimento e trauma, como o referido luto. Por outro lado, a alegria, que para a maioria poderá ser considerada uma emoção boa, passa a ser prejudicial se for utilizada como “máscara” para esconder e não reconhecer, digerir, processar e libertar, outras emoções escondidas e acontecimentos traumáticos. Portanto, nem só de alegria vive o Ser Humano. É o que buscamos, sim. É o que queremos sentir, sim. E ainda bem - que assim seja! Desde que não se ignore as outras emoções. Desde que se compreenda que a alegria é um estado emocional, como qualquer outro. E que, muitas vezes, só alcançamos a alegria após nos permitimos sentir e libertar as outras emoções reprimidas. Considero ainda importante compreender dois aspectos sobre este tema: - O primeiro é que, quando alguém “escolhe” não sentir, não querer encarar tristeza, dor, raiva, etc, escolhe também não sentir o amor e a alegria. Está tudo na mesma “caixinha”. Não temos propriamente dois compartimentos dentro de nós onde arrumamos as emoções bonitas num lado e as dolorosas noutro lado. Não. O mesmo “compartimento” tem, todas as possíveis emoções dentro. Muitas vezes, vivemos e emanamos determinados sentires e comportamentos para o exterior, para ignorar e esconder outros estados emocionais internos. Tenho encontrado algumas pessoas que falam das suas maiores dores e perdas na vida sempre a sorrir, a rir, evitando a todo o custo ir ao verdadeiro sentir. Não falo de pessoas que já sorriem por ter processado o episódio e já conseguirem ver o lado positivo ou num estado de superação. Falo daquelas que já estão fisicamente doentes, por nunca terem enfrentado e processado a verdadeira emoção. E isto leva-me ao segundo aspecto que queria referir… - Ignorar as emoções, gera doença. De forma geral, hoje em dia - e excluindo doenças genéticas, hereditárias ou sequência de acidente e trauma - a grande maioria das doenças são de origem psico-emocional. Isto revela o que acontece ao nosso corpo se ignorarmos os seus sinais e as nossas próprias emoções. Compreender que temos memória emocional, é também determinante para aceitar este aspecto. A maioria das pessoas ignora esta questão, sobretudo por falta de capacidade de gestão emocional. Saiba no entanto, que a inteligência e a gestão emocional podem ser aprendidas e desenvolvidas por qualquer pessoa, em qualquer momento da sua vida. Ao contrário do q.i. (quociente de inteligência) que nasce connosco, a inteligência emocional pode não nascer connosco, mas pode sempre ser adquirida e desenvolvida. O Ser Humano busca o amor e a alegria. A felicidade e o bem-estar. Uma vida de sucesso. O que ainda não compreendemos é que nós já somos amor, que a felicidade está em cada momento e que uma vida de sucesso, vai muito além de um cargo profissional reconhecido ou elevada capacidade financeira e material. Embora sentir algumas emoções possa ser doloroso, é essencial para alcançar um estado de tranquilidade, plenitude, alegria, amor… Como iniciei este texto, a união entre a emoção e a razão, é fundamental para o nosso bem-estar. Devemos utilizar a nossa lógica, intelecto, raciocínio sim, mas em união com as nossas emoções. O corpo e a mente não se separam. Nem o coração e o cérebro. Logo, nem a emoção e a razão. É necessário reconhecer as nossas emoções, compreender como e porque surgem, aprender a expressá-las, a libertá-las e a transformá-las caso necessário seja. E para isso, é necessária a união entre a mente e o coração, entre a emoção e a razão. Um ciclo determinante e tão constante na maioria das pessoas, são os pensamentos, as emoções, os comportamentos e as doenças. Os pensamentos geram emoções. As emoções geram sintomas. Sintomas que se transformam em doenças. Além de condicionarem os nossos comportamentos na vida. Então, como gerir? Como lidar? Voltar à base da questão: emoção e mente. Permitir reconhecer e sentir a emoção, expressar e depois, libertar. Responder às questões “Quais são as minhas emoções predominantes? O que acontece quando as sinto? Como as descrevo em palavras? Como me comporto quando as sinto? Como as liberto?” pode ser um excelente início para este caminho. Alterar o nosso pensamento é também determinante. Muitas vezes, a nossa mente pode ser um excelente discípulo, mas um pobre mestre. Então não devemos deixar que ela nos comande. Sobretudo nestes casos emocionais. Procurar novas acções, mudar o foco, trabalhar a respiração e mexer o corpo, podem ser soluções muito eficazes para “saíres da mente” quando ela te quer dominar, levando-te de um “simples” e natural estado emocional, para um angustiante momento físico. Alguns lembretes para terminar este artigo:
© Ana Sofia Rodrigues | Todos os direitos reservados
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Novembro 2024
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