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Quantos de nós não nos queixamos da inconstância da vida, dos altos e baixos, da falta de estabilidade, das surpresas que a vida nos traz, tantas vezes tão duras de lidar…? Pergunto: o que há de totalmente estável nesta vida…? Ao invés de nos queixarmos, deixo o convite para irmos ao “som” da maré. Podemos sempre escolher o que fazer com os diferentes “estados” em que nos encontramos. Podemos sempre escolher o que fazer, com a nova “onda” que vem. Como no mar… não podemos impedir a onda que venha… mas podemos sempre escolher o que fazer com ela! “Deixas-te enrolar…? Saltas bem alto com ela…? Mergulhas por baixo…?” 😊 A vida é mesmo feita de altos e baixos! De alegrias e tristezas! De sucessos e insucessos! De ganhos e de perdas! Faz tudo parte! Não podemos negar uma parte da vida, de quem somos, do que sentimos. Quando fechas a porta a um sentimento que não queres sentir, corres o risco de fechar outros “sentires”, que tanto desejas sentir! Está tudo na mesma “divisão”! Imagina um pequeno armazém dentro de ti, um pequenino compartimento, no teu peito e junto ao teu coração, cheio dessas coisinhas a que chamam de sentimentos e emoções 😊… nesse armazém tens a alegria, o amor, a gratidão… mas também tens a tristeza, a raiva, o medo… Não há dois armazéns. Não podes simplesmente fechar a porta a determinadas emoções, pois outras estão junto, no mesmo local. É humano reagir com tristeza a uma perda, com raiva a uma injustiça, com medo a um grande desafio. Importante é o que fazes depois com essas emoções. Como as libertas? Como as digeres? Como as transformas? O “problema” não está no evento, na situação… está na forma como reages, depois. É humano poder em alguns momentos, chorar, sofrer… É humano ter medo… É humano duvidar… É humano questionar… Não fosse a base de todo o conhecimento, a própria dúvida! E quem nunca viveu a bonança a seguir à tempestade? Tudo isto não significa, porém, que é obrigatório o crescimento e evolução passar pela dor e pelo sofrimento. Até porque como já disse antes, “não podes evitar a dor, mas o sofrimento prolongado, é uma escolha”. A questão está no que fazes, depois, com a emoção e com a "situação". Depois, requer acção. Mas não podes nem deves evitar a emoção. Todas são válidas, naturais e fazem parte. Quem já viu o filme "Divertidamente?" Das várias mensagens que este maravilhoso filme nos deixa, uma é fundamental: todas as emoções são importantes. :) Sendo algo natural, é felizmente ou infelizmente, a lei da vida, sentirmos em algum momento aquelas emoções que não gostamos. Apresentem-me um adulto que nunca tenha sofrido – e não falo daquela pessoa que está sempre estável, com um sorriso na cara, sempre postivo(a)… mesmo essa pessoa, terá lá dentro do tal pequeno armazém, algum evento, alguma dor, alguma emoção menos simpática de sentir…a questão é, o que fez com ela? Assusta-me alguém que tem sempre, sempre a mesma postura, estabilidade, expressão… Pois lamento, mas não acredito que o seu interior seja exactamente igual ao que exterioriza. Se sentimos dor, se nos apetece chorar, se nos magoaram, se fomos injustiçados… porque carga de água devemos manter o sorriso e dizer que está tudo bem, se não está? Refiro-me aquele momento concreto, em que não está. E se não está, deixa não estar. Chora hoje, podes sorrir amanhã. A vida é muito curta para chorar e sentir dor? Sim, é. Mas será melhor ignorar, guardar, fechar tais emoções dentro, quando não podes evitar que as sintas? O que será que acontece a tais sentimentos, menos positivos e nada saudáveis, ficarem trancados, esquecidos e ignorados, dentro do teu próprio corpo? Os altos e baixos da vida… Tantas vezes digo em tom de brincadeira que os altos e baixos significam apenas que estamos vivos! Dou a imagem mental de um eletrocardiograma, que todos nós já fizemos e vimos essa imagem. Recordem a imagem do vosso eletrocardiograma… é ou não, sempre, com altos e baixos? E agora pensem… querem estabilidade, tudo sempre igual, na mesma linha…? Se a linha de tal exame estivesse sempre igual, uma linha direitinha e estável, na horizontal… o que significaria…? 😊 Nada disto invalida que os baixos, doem… custam… às vezes parece que não vamos sair dali… Quando estamos em dor, estamos em dor. Dificilmente vemos o “big picture” e recebemos as respostas às nossas questões… só quando acalma o ruído interno podemos escutar melhor a mensagem… Recorda-te porém, que tanto quando estás em dor, esqueces que já estiveste em alegria e amor e certamente voltarás a estar… e tanto quando estás em alegria e amor, não pensas por um segundo o que já sofreste nem tão pouco imaginas que irás voltar a esse doloroso sentir… Assim é a vida. Assim é o Ser Humano. Então vive cada momento, com o que ele te traz. Não fiques depois agarrada ao que passou, nem projectes o que ainda não foi. Os baixos dão-te capacidade de reflexão, de aprendizagem, de superação. Os altos dão-te capacidade de celebração, de valorização, de concretização. Faz tudo parte. Sem um não existiria o outro. Como darias valor aos altos se não conhecesses os baixos? Como te custaria tanto viver os baixos se desconhecesses por completo que existiam os altos? 😊 Mais uma vez retorno à sabedoria milenar oriental e base fundamental da Medicina que me apaixona e exerço. Explica a Medicina Chinesa através da teoria do Yin e Yang, que tudo são opostos, mas que dão lugar um ao outro, têm a mesma raiz, e um sem o outro não existiriam. Assim é. ©Ana Sofia Rodrigues
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Julho 2024
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